Sono

O sono

Passamos 1/3 de nossas vidas dormindo e por este motivo o sono possui um importante papel em nossa rotina diária, sendo tão essencial quanto comida e água. O sono é dividido em 2 fases - sono não REM e sono REM (rapid eye moviment/movimento rápido dos olhos), possuindo 3 estágios durante a fase do sono não REM - estágio 1 (sonolência, que equivale de 5 a 10% do período total de sono), estágio 2 (que equivale de 50 a 60% do período total de sono), estágio 3 (sono de ondas lentas, que equivale de 20 a 25% do período total de sono) e REM (movimento rápido dos olhos, que equivale de 20 a 25% do período total de sono). E cada ciclo completo de sono tem aproximadamente de 90 a 120 minutos, ou seja, todos devemos ter presente em nosso sono as duas fases do ciclo completo de sono - sono não REM (contendo os estágios 1, 2 e 3) e sono REM, sendo alternados durante a noite, uma vez que cada fase e estágios possuem atividades específicas para a recuperação física e emocional das pessoas.

É sabido que o sono de ondas lentas está presente no primeiro terço da noite e o sono REM presente no terço final da noite e é esperado que momentos de vigília ocorram durante as alterações dos estágios ao longo da noite, porém por serem muito rápido, são pouco lembrados no dia seguinte.

Geralmente a população adulta dorme de 7 a 8 horas de sono por noite e alguns fatores podem alterar a quantidade de horas e padrão de sono ao longo da vida, sendo eles, idade, ritmo circadiano, uso de drogas, entre outros.

Com os avanços dos estudos envolvendo a Medicina do Sono, o profissional da Psicologia capacitado com este conhecimento sobre sono, está apto a auxiliar a população frente as dificuldades encontradas junto aos distúrbios de sono de maneira preventiva, proativa ou até mesmo reativa.

Geralmente os distúrbios de sono se fazem presentes ou são mais perceptíveis em nossa vida, quando começamos a identificar desconfortos ao longo de nossa rotina diária, tais como, sonolência, bocejos frequentes, irritabilidade, dor de cabeça, fadiga, entre outros sintomas.

O tratamento de distúrbios de sono são considerados tratamentos multidisciplinares, tendo em vista que os problemas de sono geralmente não possuem uma única razão, podendo ter ligação com a parte genética, fisiológica, orgânica, emocional ou até mesmo com características do trabalho realizado pela pessoa, e por esta razão, o tratamento torna-se multidisciplinar.

É importante salientar, que para cada fase da vida temos cenários diferentes para o nosso sono, como por exemplo, bebês possuem padrão de sono polifásico e crianças padrão bifásico, pois os bebês precisam dormir várias vezes ao longo do dia, já as crianças precisam dormir no mínimo duas vezes ao longo do dia. Os adolescentes acabam apresentando um padrão mais vespertino, ou seja, muitas vezes trocam o dia pela noite, e na maioria das vezes este padrão é ajustado na fase adulta. E por último, o adulto possuindo sono monofásico, pois dentro das nossas necessidades, dormimos somente no período noturno.

Cada pessoa é avaliada individualmente, pois como não somos iguais, cada pessoa terá pontos a serem considerados nesta avaliação, gerando assim suas características frente ao sono e aos distúrbios de sono que podem estar presentes ao longo da vida.

Vale ressaltar, que conhecimento sobre sono, nos ajuda a entender muitos pontos que as vezes acabamos por considerar "problemas" devido ao conteúdo transmitido pela mídia, como por exemplo, todos devemos dormir de 7 a 8 horas de sono por noite, mas como já anteriormente citado, isso dependerá muito das características individuais de cada um, pois podemos ser curtos ou longos dormidores, sendo assim, as vezes 4 ou 5 horas de sono já satisfaz ou não, e as vezes são necessárias 10 ou 11horas de sono para estar bem no dia seguinte.

Porém o mais importante, é procurar por profissionais especializados no conhecimento sobre Medicina do Sono, para uma avaliação individual sobre sua situação e assim receber as orientações e tratamento adequados.

O sono do bebê (0 a 2 anos) e da criança (3 a 13 anos)

Quando bebê, dormimos muito mais horas e temos uma quantidade significativa de sono REM (rapid eye moviment/movimento rápido dos olhos), e isto ocorre por conta do processo de desenvolvimento do bebê e das funções cognitivas deste momento, pois o sono REM está intimamente ligado aos processos de organização do conteúdo cognitivo recebido ao longo do dia.

A National Sleep Foundation (Fundação Nacional do Sono), afirma que dormir é tão importante quanto a alimentação e higiene do bebê, pois além de ajudar no desenvolvimento intelectual, é nesse período de descanso que o corpo libera o hormônio de crescimento, ou seja, o desenvolvimento físico e emocional do bebê está ligado diretamente à duração e à qualidade de sono ao longo de seu desenvolvimento.

Geralmente bebês dormem de 14 a 17 horas dos 0 aos 3 meses, de 12 a 15 horas dos 4 aos 11 meses e de 11 a 14 horas de 12 a 24 meses.

Vale ressaltar que o processo de exterogestação pode influenciar diretamente no padrão de sono do bebê, e por esse motivo, os pais precisam estar atualizados sobre este processo para que possam entender como passar por este período da melhor maneira possível, minimizando os impactos que acontecerão querendo ou não, como por exemplo, os picos de crescimento, saltos de desenvolvimento, nascimento dos dentes, ansiedade de separação, vacinas, introdução alimentar, entre outros.

Por isso, é importante seguir uma rotina com os pequenos desde seu nascimento, pois isso os ajudará a prever algumas situações, sentindo-se mais seguro e amado.

E muito diferente do que algumas pessoas acreditam, bebês adoram rotinas, por mais que as vezes ela pareça ficar bagunçada por conta de alguma variável das citadas acima, isto os ajuda em seu desenvolvimento intelectual e emocional, uma vez que sem rotina, o bebê sente-se perdido.

Já as crianças, dormem de 10 a 13 horas dos 3 aos 5 anos e de 9 a 11 horas dos 6 aos 13 anos.

Nesta fase da vida, a rotina deve continuar presente e é importante ressaltar que aqui, as crianças já conseguem observar e muitas vezes copiar os comportamentos positivos e negativos dos pais frente ao sono, sendo assim, muitas vezes, os problemas de sono identificados nas crianças acabam por serem potencializados diretamente pelos comportamentos apresentados pelos próprios pais e esta fase é marcada pela transição do berço para a cama.

Durante estas fases da vida (bebê e criança), é possível perceber a presença de um distúrbio conhecido como "terror noturno", que é quando o bebê ou a criança acorda no meio da noite, desesperada, com choro inconsolável e por mais que os pais tentem desesperadamente acalmá-la, o processo é finalizado com no máximo 15 minutos, não sendo lembrado no dia seguinte.

Também podemos identificar a presença do "sonambulismo", que é um distúrbio onde a criança ainda em sono, se movimenta pela casa. Porém o distúrbio mais comum durante estas fases é a "insônia comportamental da infância", onde é identificada a dificuldade em iniciar ou manter o sono durante o período de 3 noites por semana ou mais de 3 meses, onde geralmente o problema está na interação incorreta pais-criança durante a transição sono/vigília.

O sono do adolescente

Adolescentes podem dormir de 8 a 10 horas de sono por noite e além dos pontos "normais" e esperados da passagem pela adolescência, um outro ponto que chama muita a atenção dos pais nesta fase é o sono, pois geralmente os adolescente acabam por trocar o dia pela noite, não somente para ter o sentimento de "pertencer" ao grupo de adolescentes, como também pelo próprio processo de sono esperado para este momento.

Esta preferência por dormir mais tarde, acordando mais tarde consequentemente é definida como padrão de sono vespertino e geralmente é normalizado na idade adulta.

Este é um padrão de sono que faz com que muitos pais procurem por ajuda profissional, uma vez que o filho acaba por apresentar além dos sintomas normais dos distúrbios de sono, dificuldades frente ao processo de aprendizagem, por apresentarem sonolência, irritabilidade, fadiga, entre outros sintomas de uma noite mal dormida.

O sono do adulto

O adulto possui aproximadamente de 7 a 9 horas de sono por noite e seu sono é classificado como monofásico.

Isto ocorre pois conforme vamos crescendo, não precisamos de muitas horas de sono para nossa recuperação física e emocional, uma vez que nosso corpo já possui seus processos estruturados e definidos.

E é geralmente nesta fase que passamos a perceber e dar mais atenção as questões ligadas ao sono, pois somos intensamente cobrados por nós mesmos ou pelos nossos empregadores por resultados.

Hoje em dia é muito comum as pessoas desejarem resolver e fazer várias coisas ao mesmo tempo e geralmente acabam tirando horas de suas oportunidades de sono para realizarem projetos pessoais ou profissionais e somente se dão conta disso quando o sinal vermelho acende e este processo denominamos de "privação de sono", que é quando as pessoas por mais que tenham a oportunidade de dormir não o fazem devido a quantidade de atividades a serem realizadas em sua rotina diária.

E este sinal vermelho pode ser uma olheira, gastrite, ansiedade ou até mesmo depressão, entre outros.

E infelizmente esse é o preço que pagamos por retirarmos horas que são reservadas para nosso sono visando nossa recuperação física e emocional.

O tratamento para a insônia

Existem dois tipos de tratamento para a insônia, sendo eles, o tratamento farmacológico e não farmacológico.

O primeiro deles (tratamento farmacológico) é conduzido por médicos, através de medicamentos que possuem ações diretamente nos sintomas de insônia.

Já o segundo (tratamento não farmacológico), pode ser conduzido pelo psicólogo especializado em Medicina do Sono, atuando em processos psicológicos, cognitivos e comportamentais, trabalhando junto ao paciente uma melhora efetiva de seu sono, através da identificação de como o paciente mantem a insônia presente em seu dia a dia.

O Psicólogo do Sono, faz uso das técnicas da Terapia Cognitiva Comportamental - TCC, que tem sido considerada o padrão ouro para o tratamento da "insônia" e que está presente em quase 30% da população.

Muitos estudos tem demonstrado que somente a aplicação das técnicas da TCC, tem apresentado um ótimo resultado para a melhora significativa da insônia na população em geral.

E através das adaptações das ferramentas utilizadas na prática clínica do psicólogo, foi construída uma abordagem especifica para o tratamento da insônia, sendo chamada de TCCI - Terapia Cognitiva Comportamental para a Insônia.

A TCCI auxilia o psicólogo a focar em pontos específicos de sono e da insônia, o que é muito rico para o tratamento em questão.

Caso você tenha dúvidas sobre o seu sono, procure por profissionais especializados em Medicina do Sono para obter a correta orientação e tratamento sobre o assunto.